A doença de von Willebrand é a doença hemorrágica mais comum e atinge cerca de 2% da população mundial atingindo igualmente ambos os sexos porém mulheres tem mais probabilidade de ter a doença diagnosticada pelas manifestações durante a menstruação.
Fator de von Willebrand
O fator de von Willebrand é um multímero que circula no plasma sanguíneo em uma concentração aproximada de 10 mg/ml. Ele é sintizado por células endoteliais e megacariócitos.
Tem duas funções principais:
- Mediar a adesão das plaquetas ao subendotélio lesado: funciona como uma ponte entre receptores da plaqueta (glicoproteína Ib e glicoproteína IIb/IIIa) e o subendotélio lesado. Para que ocorra a adesão às plaquetas é necessario a presença de grandes multímeros do FvW.
- Manter os níveis plasmáticos do fator VIII (uma proteína procoagulante). O FvW liga-se a fator VIII alentecendo sua degradação.
Sintomas
Sangramentos de leve a moderado que variam com a intensidade da doença. Hematomas, sangramentos menstruais prolongados, sangramentos nasais, sangramentos excessivos após pequenos cortes, sangramentos após extração dentária ou outra cirurgia. Gengivorragia, equimoses facéis.Classificação
Tipo 1
É o tipo mais comum, entre 60-80% dos casos. É um defeito quantitativo onde a concetração do FvW fica entre 20-50% do valor normal. Causa sangramentos de leve a moderado.Tipo 2
É um defeito qualitativo e acomete entre 20-30% dos casos.Possui 4 subtipos:
- 2A: subtipo mais comum. Neste caso o FvW tem dificuldade de unir-se às plaquetas e há diminuição da presença de grandes multímeros.
- 2B: o FvW tem grande afinidade de união às plaquetas, por isso diminui a circulação livre do FvW.
- 2M: não há ausência dos grandes multímeros porém eles não tem a mesma capacidade de ligação às plaquetas.
- 2N: o FvW perde a capacidade de ligação com o Fator VIII.
Tipo 3
É o tipo mais grave caracterizado pela deficiência total do FvW. O paciente tem sangramentos profundosDoença de von Willebrand Adquirida
Esta relacionada a outras patologias como doenças linfóides, mieloma múltiplo, macroglobulinemia, doenças mieloproliferativas, alguns tumores, algumas doenças autoimunes entre outras.De um modo geral ela pode ser ocasionada por anticorpos anti-FvW ou não.
Genética
O gene do FvW está localizado no braço curto do cromossoma doze (12p13.2) e é composto por 52 exões abrangendo 178kb. O mRNA codifica um precursor com 2813 aminoácidos (aa) (prepro FvW) que consiste num péptido de sinal (SP) de 22 aa, um propéptido de 741 aa e uma subunidade madura de 2050 aa. Os tipos 1 e 2 apresentam herança autossómica dominante enquanto o tipo 3 é herdado como variante recessiva. Ocasionalmente, também o tipo 2 é recessivo.Diagnóstico
Deve-se levar em conta a presença dos sintomas, história familiar (já que a doença é de herança genética) e um estudo laboratorial. Seu diagnóstico laboratorial é difícil principalmente no que diz respeito a classificação.Testes auxiliares
Alguns testes apresentam-se alterados na doença de von Willebrand assim como em outras patologias não sendo testes específicos para esta doença. Entre estes testes estão o TTPA (tempo de tromboplastina parcialmente ativado), tempo de sangramento, dosagem de fator VIII e contagem de plaquetas.O TTPA encontra-se prolongado nos casos de deficiência de FvW (em alguns casos devido a baixa de fator VIII) assim como tempo de sangramento. Como o FvW protege o fator VIII, sua falta ocasionará sua degradação e consequente diminuição. Porém a simples dosagem baixa de fator VIII não diagnostica a doença de von Willebrand já que o Fator VIII diminui nos casos de hemofilia A. A contagem de plaquetas geralmente apresnta-se normal a todos os tipos com exceção do tipo 2B que tem uma leve diminuição.
Testes específicos
A dosagem de antígeno de von Willebrand é feita por ensaio imunológico este teste apresenta boa resposta para os tipos 1 e 3, ja que nem sempre os casos do tipo 2 apresentam baixa na concentração de FvW.Agregação induzida pela ristocetina onde o plasma rico em plaquetas do paciente é colocado em contato com a ristocetina, o paciente normal apresenta agregação e quando há deficiência do FvW há falta de de agregação, sendo que o tipo 2 B tem aumento na sensibilidade de aglutinação mesmo em concetrações menores.
Tratamento
- Crioprecipitado
- DDAVP ou desmopressina: análogo da hormona vasopressina cuja função é aumentar o nível plasmático do FvW através da libertação dos depósitos endoteliais do mesmo.
- Fármaco antifibrinolítico: pode ser suficiente para permitir que um paciente possa fazer pequenas cirurgias dentárias.
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