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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Fibromialgia


Conheça os sinais de alerta de uma doença que afeta, sobretudo, mulheres entre os 20 e os 50 anos.



O que é a fibromialgia?
É uma síndrome musculoesquelética crónica, não inflamatória e de causa desconhecida. Está na origem de uma incapacidade física e emocional, por vezes grave, que atinge cerca de dois por cento da população.
Origina dor generalizada nos tecidos moles (músculos, ligamentos ou tendões), mas não afecta as articulações e os ossos.

Quais são os fatores de risco?

 
Critérios para diagnósticos
Em 1990, o Colégio Americano de Reumatologia, tentando uma uniformização, publicou trabalho de seu Comitê Multicêntrico para Classificação da Fibromialgia que foi coordenado por WOLFE (1990), estabelecendo os seguintes critérios que devem estar presentes por um período mínimo de três meses:
* História de dor difusa
* Dor em 11 de 18 pontos dolorosos: (inserir figura com os tender points)
* Occipital
* Cervical baixa
* Trapézio
* Supraespinhoso
* Epicondilo lateral
* 2o  espaço intercostal
* Glúteos
* Grande trocânter
* Joelhos
Além deste permanecem como critério diagnóstico os sintomas citados.
Neste mesmo trabalho fica abolido o termo Fibromialgia primária e secundária ficando apenas o termo FIBROMIALGIA.

  • Gênero - as mulheres são cinco a nove vezes mais afectadas do que os homens;
  • Idade – inicia-se entre os 20 e os 50 anos, sobretudo, embora também possa afectar crianças e jovens em idade escolar.

Quais são os sintomas?
Dores generalizadas, fadiga, alterações quantitativas e qualitativas do sono e perturbações cognitivas.

Como se diagnostica?
O diagnóstico é essencialmente clínico, servindo os meios complementares de diagnóstico para excluir outras doenças. Assenta, sobretudo, na presença de:
  • Dor musculoesquelética generalizada, ou seja, abaixo e acima da cintura e nas metades esquerda e direita do corpo;
  • Dor com mais de três meses de duração;
  • Existência de pontos dolorosos à pressão digital em áreas simétricas do corpo e com localização bem estabelecida.
Deve ser feito o diagnóstico diferencial com doenças reumáticas inflamatórias, disfunção tiroideia e patologia muscular.

Quais são os fatores de risco?
São bastante amplos. Vão desde os associados com o estado de dor crónica generalizada (idade, sexo, etc.), às características da personalidade pró-dolorosa (perfeccionismo compulsivo, incapacidade de relaxamento e desfrute da vida, incapacidade para lidar com situações hostis, etc.).
Os sinais de alerta para o desenvolvimento da doença são:
  • História familiar da doença;
  • Síndroma dolorosa prévia;
  • Preocupação com o prognóstico de outras doenças coexistentes;
  • Traumatismo vertebral, especialmente cervical;
  • Incapacidade para lidar com adversidades;
  • História de depressão/ansiedade;
  • Sintomas persistentes de “virose”;
  • Alterações do sono;
  • Disfunção emocional significativa;
  • Dor relacionada com a prática da profissão.
O conhecimento destes sinais de alerta torna possível a intervenção precoce e a prevenção, evitando o agravamento da doença e o desenvolvimento de complicações.

Como é que se trata a fibromialgia?
Deve ser tratada na rede de cuidados primários de saúde (centros de saúde).
O prognóstico da doença é habitualmente bom.
Os medicamentos usados com mais eficácia são os analgésicos, os antidepressivos tricíclicos e os inibidores selectivos de recaptação da serotonina, os relaxantes musculares e os indutores do sono.
A prática regular de exercício físico também é indicada.
Por vezes são necessárias outras formas terapêuticas, bem como a intervenção da reumatologia, psiquiatria e outras especialidades médicas ou diferentes profissionais de saúde.
É uma doença que requer acompanhamento médico e avaliações periódicas relativamente à evolução das queixas e aos eventuais efeitos adversos da terapêutica. O acompanhamento depende da gravidade da fibromialgia e de outras doenças associadas.
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA 
Utiliza-se a história clínica  onde são obtidos dados gerais do paciente e o exame físico. Como o principal sintoma é a dor, é importante que esta seja avaliada inicialmente e acompanhada ao longo do tratamento Um protocolo que temos usado no ambulatório de Fibromialgia é composto dos seguintes itens: 

* Anamnese
* Avaliação da dor - escala analógica visual de dor, Questionário de dor da McGill e dolorimetria
* Avaliação da flexibilidade - Testes de Schober, Stibor e 3o dedo-chão
* Avaliação das cadeias musculares - Considerando as cinco cadeias musculares propostas por Souchard: respiratória, posterior, antero-interna da bacia, anterior do braço, antero-interna do ombro
* Avaliação do Impacto da Fibromialgia - Fibromyalgia Impac Measurement (FIC) e agora o SF-36, ambos avaliam a qualidade de vida do fibromiálgico. 

 TRATAMENTO
O tratamento é sempre proposto após realização de avaliação cuidadosa e procura-se preservar a globalidade.  O objetivo do tratamento é:
* Eliminação da dor
* Restauração da amplitude de movimento e a flexibilidade
* Melhorar a qualidade de vida
* Promover trabalho educativo -  Além disso é importante uma educação do paciente de modo a previnir e lidar com as possíveis crises e também bloquear os fatores perpetuantes ou precipitantes. 

O que diz a literatura a respeito do tratamento fisioterapêutico:Uma revisão de literatura feita no MEDLINE e LILACS entre 1980-1999 aponta quatro aspectos enfocados nas propostas de trabalhar aspectos que lembram a fisioterapia: 

a) Programas de exercícios e treinamento físico: McCain (1986,1988); Bennet (1989);
Goldman (1991); van Denderen, (1992); Mengshoel (1992); Viitanen (1993); Nichols (1994); Marques (1994); Mannerkorpi (1994); Mengshoel (1995a, 1995b, 1995c); Martin (1996); Wigers (1996); Bennet (1996); Buckelew (1998).  Os autores referem-se basicamente a exercícios de uma forma geral, bicicleta ergométrica, treinamenteo cardio-vascular, exercícios de flexibilidade, exercícios aeróbicos, alongamento e caminhada. 

b) Uso de recursos terapêuticos: São poucos os trabalhos que utilizaram recursos fisioterapêuticos propriamente ditos e alguns utilizam técnicas alternativas.
* Thorsen (1991) - Laser; * Haanen  (1991) - hipnoterapia e fisioterapia * Deluze (1992) - eletroacupuntura * Gunther (1994) - banho hidrogalvânico e relaxamento * Rothschild (1994) - hipnoterapia * White (1995) - eletroacupuntura * Rucco (1995) - relaxamento * Bassan (1995) - (TENS) * Pearl (1996) - campo eletromagnético - intensidade da luz * Blunt (1997) - quiropraxia * Sarnoch (1997) - biofeedback * Stone (1997) - TENS, tração, massagem * Gashu (1998) TENS * Berman (1999) acupuntura 

 c) Programas educativos - São programas propostos para ensinar o fibromiálgico a lidar com a doença e a ênfase é dada nos programas cognito-comportamentais:
* Kogstad et al. (1991); Walco et al. (1992); Nielson et al. (1992), White et al.(1995); Vlaeyen et al. (1996); Goossens et al. (1996); Nicássio et al. (1997); Keel et al.( 1998); Singh et al. (1998) - cognitivo comportamental * Kaplan et al. (1993) - meditação para reduzir o stress * Burckhardt et al. (1994a, b, ); Burckhardt et al. (1996); Bjelle et al. (1996) - auto-manejamento * Mengshoel et al. (1995) - ensinar as AVDs * Strobel et al. (1998) - programa interdisciplinar 

 d) Programas  que realizaram trabalhos visando diagnóstico diferencial, AVDs, FIQ, sintomas, trabalho e disfunção, custo, satisfação, etc)
* Bennet (1989); Henriksson et al.  (1992); Hedin et al.(1995); Henriksson e Burckhardt (1996); Wigers (1996); Pioro-Boisset et al. (1996); Wolfe et al. (1997 a, b). 

Tratamento fisioterapêutico
É proposto em função da sintomatologia  apresentada 

* Dor localizada (tender points) - laser, TENS, massoterapia * Fadiga: programas de condicionamento físico * Dores musculoesqueléticas difusas, cefaléia crônica, rigidez matinal, parestesias: exercícios globais e exercícios de alongamento. 

Conclusão: 
 
O controle da sintomatologia e a melhora da qualidade devida, é o principal objetivo da fisioterapia. 

 

Para saber mais, consulte:

Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica


http://www.dornascostas.com.br/fibromialgia_texto.htm 

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